Thursday, March 31, 2011

QUAL É A VANTAGEM DA RELIGIÃO?

Os últimos cinquenta anos tem sido marcados por uma grande transformação no mundo. Do ambiente rural, pouco tecnológico e basicamente voltado para a subsistência, caminhamos muito até chegarmos a esta verdadeira transformação digital à nossa volta.  Portanto, em decorrência destes avanços, das descobertas científicas, das relações globalizadas, e de tantos outros fatores, o ser humano mudou drasticamente seu modo de viver e se relacionar com as outras pessoas. Impessoalidade, egoísmo e utilitarismo são os meios pelos quais o homem,  infelizmente, percebe o outro em nossa cultura posmoderna.

No campo religioso não é diferente. Desde o Antigo Testamento, a religião institucionalizada vive esta tensão entre o centro e a periferia. Os movimentos periféricos sempre em busca de imitar ou até mesmo superar o movimento central.  Em contrapartida, o centro impondo sua condição de primazia no processo de sustentação da instituição forma um quadro terrível de competição, luta pelo poder e demonstrações de grandeza. Tudo isso colabora em muito para o processo de esvaziamento de sentido da fé, fazendo com muitas manifestações sejam verdadeiros teatros religiosos.

Um outro aspecto é que, em muitos ambientes religiosos, a fé se transformou em um mercado, no qual a moeda de troca é  a oferta, a frequência às reuniões, entre outras manifestações. Este não é um filme novo. Jesus combateu os vendedores no templo justamente por esse motivo, pois os negociantes estavam vendendo o sacrifício ao Senhor, fazendo da religião uma fonte de lucro. As prateleiras deste mercado nunca estiveram tão cheias de opções e sofisticações, e os vendendores nunca foram tão bem treinados como são em nossos dias.

Diante desta crise monumental, o Apóstolo Paulo pergunta aos Romanos: Qual é a vantagem da religião? Muitas, em muitos aspectos, responde. O principal deles é a revelação da Palavra de Deus. Contudo, a vantagem para por aí.

A Palavra de Deus coloca todos os homens em uma mesma categoria. Quer sejam ricos ou pobres, sábios ou tolos, nascidos em qualquer parte do mundo, participantes de qualquer movimento, todos os homens são igualmente pecadores. Não há um justo sequer (Romanos 3.10), ensina Paulo aos crentes de Roma.

Há três tipos de pecadores no mundo. O primeiro grupo é formando por aqueles voltados ao esforço pessoal. Ligados ao desempenho, à aperência, ao dinheiro, às conquistas, às viagens, aos prêmios, títulos, reconhecimentos, pensam que a sua boa vida moral os conduzirá à Deus. O segundo grupo é aquele que tem um pé no esforço pessoal e o outro em Cristo. Frequentam a Igreja, participam dos programas, mas ainda creem no esforço pessoal. Lutam muito pela aparência, pelo dinheiro, são competitivos e dotados de um senso aguçado de auto-justiça. O terceiro grupo é formado por aqueles que colocam completamente sua confiança em Jesus. São aqueles que tem consciência que não são capazes de conhecer a Deus através do esforço pessoal, e que tudo o que tem na vida é fruto da graça de Deus.

Portanto, a verdadeira religião provém de Deus, é mediante a fé em Jesus, não faz distinção entre os seres humanos, pois todos pecaram, é através do sacrifício de Jesus e acontece por causa da tolerância e perdão que o Senhor nos dá gratuitamente.

Qual é a vantagem da religião? Apenas uma: gerar em mim fé e arrependimento. Proporcionar a consciência que sou pecador, que Jesus pagou o  preço para que eu tivesse acesso à Deus, e que minha vida está totalmente entregue ao senhorio de Cristo. A verdadeira religião está no coração daquele que crê e confia sua vida ao Senhor.

Thursday, March 24, 2011

UM COPO D'ÁGUA DO OCEANO?

Minha família sempre foi muito alegre e musical. Lembro-me que tudo em nossa casa sempre acabava em música. Um violão, ou uma viola, um piano ou uma caixinha de fósforo, tudo era motivo para uma boa música. Meu avô me ensinando a como dançar o cateretê, dança de origem rural, comum nas famílias do século XIX, e como ser um bom trovador, tocando a viola caipira e aguçando minha mente para responder bem as questões dirigidas a mim.

Um dos meus tios, sempre que possível, declamava poesias, as mais engraçadas e sem sentido que já ouvi. Ele poderia falar por horas seguidas, que sempre conseguiria reter nossa atenção. Me lembro de uma de suas poesias, recitadas em homenagem a minha tia. Era assim: “Subi em uma bananeira para ver meu amor passar. Meu amor passou. Eu desci”.

O que para mim era motivo de risadas na infância, hoje é material para reflexão, pois a vida de muitos, em nossos dias, é como a vida deste amante que escala a bananeira à espera de sua amada, e que no final das contas, revela um grande marasmo interior, indiferença e monotonia na vida. Uma vida que não faz diferença, que não vai ao encontro do objeto do amor.

Todo mundo pode fazer diferença neste mundo. Você não precisa ter sucesso para fazer diferença. Você não precisa ser perfeito, mais santo que os outros, rico, bom de se relacionar com pessoas, altamente educado, ter boa saúde, excepcionalmente inteligente, diferente, e etc... Não importa onde você está, ou o quanto você falhou na vida, ou até mesmo sua capacidade de influenciar pessoas,  ainda assim você pode fazer a diferença.

Você nunca é tão jovem ou tão velho, tão inseguro ou tão pouco estudado, inconstante ou imperfeito. Você ainda assim pode fazer a diferença.

Visão, liderança e atos de coragem podem construir um império. W. Churchill e F. Roosevelt foram grandes encorajadores do Século XX, que colocaram um ponto final em  processos de guerras horríveis, e lideraram o mundo todo num período de trevas, desesperança e dor profunda.

Contudo, existem poucos Churchills e Roosevelts no mundo, assim como existem poucos Billy Grahams ou Madre Teresas na Igreja dos nossos dias. A maioria de nós nunca vai alcançar posições de poder e fama na vida. Contudo, ainda assim podemos fazer a  diferença.

A diferença, na verdade, não está no que fazemos, mas em quem somos, e no que crê o nosso coração. Agostinho afirma que a Teologia precede a ética. Portanto, a diferença que fazemos na vida decorre daquilo que realmente cremos. Jesus ensina que onde estiver o tesouro do homem, ali estará o seu coração. Assim, estamos inteiramente envolvidos com o que cremos, e as nossas ações, relacionamentos, decisões e movimentações na vida partem sempre da nossa fé.

Já decidi, pela fé,  escrever em meu coração, com letras que se possam enxergar de longe: Amor, Doçura e Fidelidade.

Já decidi, pela fé, ornar o meu caráter com pedras que não se compram, mas graciosamente, são presenteadas por Deus: O ensino dos meus pais.

Já decidi, pela fé, não perder de vista a sensatez e o equilíbrio, para que enfeitem o meu temperamento.

Já decidi, pela fé,  ser amigo dos meus amigos, para que juntos fortaleçamos uns aos outros.

Já decidi, pela fé,  enfeitar a minha vida com jóias de beleza eterna. Que o adorno da minha vida seja o amor do Pai, a beleza aparente do meu ser.

Já entendi, que tudo isso somente é possível com a ajuda de Deus, pois a essência de Deus é o amor. Portanto, é possível ser amoroso, doce, fiel, obediente, sensato, equilibrado, amigo dos amigos e pronto para servir. Tudo isso, com a graça de Deus, para fazer diferença!

Tuesday, March 15, 2011

Deixa a vida me levar?

"Sem amor a personalidade humana se desintegra e morre."John Stott

A Bíblia ensina que, na vida, há tempo para todas as coisas. Tempo de abraçar, e deixar de abraçar. Tempo de estar perto ou longe. Tempo para sorrir e tempo para chorar. Sabemos que o tempo, as estações da vida, mudam constantemente, e que a grande virtude é saber discernir com clareza as transformações a que somos expostos. Qual é o tempo de Deus para minha vida hoje? Qual o tempo de Deus para nossa Igreja?

Muitos, levados por um sentimento mais infantil, pensam como aquela canção, que diz: Deixa a vida me levar, vida leva eu. Outros, vão fechando os corações para as mudanças e desacreditam que ainda possa haver esperança depois de tanto sofrimento. A verdade é que o sofrimento deixa marcas profundas, que somente podem ser transformadas pelo poder renovador do evangelho de Jesus.

Deus tem um novo tempo para a Igreja! As Boas Novas de Jesus tem transformado nossas vidas, e nos abençoado profundamente como pessoas, e também como comunidade. A proposta de Jesus é a boa notícia, que renova a vida e a Igreja.

Qual é a Boa Notícia, que todos precisam ouvir? Veja:

Em primeiro lugar, o evangelho é a Boa Nova do Reino de Deus. A Palavra nos ensina que no início do seu Ministério Público, Jesus ensinou sobre a vinda do Reino: "O tempo é chegado", dizia ele. "O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas! (Marcos 1.15). Os judeus, oprimidos pelo império Romano, esperavam por um político que os libertasse do ponto de vista do governo. Contudo, o Reino a que Jesus se refere, é aquele no qual Deus é glorificado, adorado, e recebido por gente de toda raça, tribo, língua e nação da terra.

Em segundo, Evangelho é a Boa Nova de um Rei. O que importa é compreendermos que Jesus é o centro da nossa vida, e o motivo do nosso louvor. A Palavra nos ensina: O verbo se fez carne e habitou entre nós e vimos a sua glória... (Jo.1.14). O Senhor lutou contra o pecado e contra a morte, e venceu o inimigo na cruz, e nos deu, juntamente com ele, VIDA! O que transforma nossas vidas como gente é compreendermos que somos de Jesus e Ele é o nosso salvador.

Em terceiro lugar, o Evangelho é a Boa Nova de perdão e poder. A promessa transformadora de Jesus é de que Ele nos liberta não apenas do pecado, mas do poder que o pecado exerce na vida. Jesus não apenas morreu para nos salvar do pecado, mas Ele ressuscitou e vive, para nos libertar hoje da opressão do pecado, nos perdoar e transformar em novas pessoas, cheias d’Ele.

Em quarto, Evangelho é a Boa Nova para os perdidos e os encontrados. O poder da Palavra é para salvar o perdido do pecado, e para orientar aquele que foi encontrado a viver longe do domínio do pecado. A boa notícia é que o Evangelho salva o perdido, e a mesma palavra que salva o perdido, santifica o que foi encontrado. O evangelho promove orientação, discipulado, cura, renovação, salvação e vida. O evangelho é para todos.

Em quinto lugar, o Evangelho quer gerar em nós arrependimento, fé e obediência. O arrependimento como uma atitude não de desespero, mas de alegria, de quem compreendeu que foi perdoado dos seus pecados, e que não deseja viver pecando. A fé para aprendermos a olhar para as coisas de Deus, mais do que para as da terra, e percebermos que na cruz, Deus nos amou e nos perdoou. Obediência que alimenta a fé, e que nos mantém firmes no propósito e na vontade de Deus nas nossas vidas e através das nossas vidas.

O que esperamos como Igreja, é que o poder do Evangelho transformador de Jesus possa ser ensinado, vivido, proclamado e anunciado através das nossas vidas e que as Boas Novas proporcionem a cada dia santidade, vida com Deus, mudança, amor e alegria em nosso meio!

Friday, March 11, 2011

VOCÊ TEM FOME DE QUE?

O Brasil vive um momento mágico em sua economia. Para quem olha de fora, como é o caso dos que vivem no exterior, ser brasileiro é a melhor coisa que alguém poderia desejar neste momento. Crédito fácil, dinheiro no mercado, a construção expandindo, carros novos nas ruas, tecnologia mais acessível e grandes avanços na infraestrutura do país.

Você sabe como a Bíblia chama todo esse crescimento? Vento! Isso mesmo, um vento vazio e inútil, que apenas alimenta um sentimento chamado vaidade, que corrompe o ser humano, revelando uma sede que nunca poder ser saciada, e uma fome que jamais acaba. Um vento que sopra, acentuando a desigualdade social, e fomentanto distrações profundas na vida, e consequências quase que irreparáveis.

A crise econômica que afligiu os Estados Unidos e o resto do mundo, ensinou muito com respeito a falsas ilusões e percepções. A fé no sistema financeiro, na segurança cambial e na força do trabalho, não são suficientes para resolver os conflitos da vida e assegurar felicidade para o homem. No final das contas, o que importa são os valores básicos, encontrados na Palavra de Deus, que alicerçam a vida, e suportam a existência, mesmo nos maiores temporais, quer sejam eles financeiros, emocionais, relacionais ou espirituais. O chamado de Deus é para a simplicidade.

O ser humano é guiado pelo seus desejos e vontades. O Reverendo Jonathan Edwards ensina que nossos afetos precisam estar em Deus, logo nosso desejo vai ser trabalhado pelo Senhor. O problema é que, infelizmente, com o excesso de consumo, de crédito e de produtos, nossa vontade acaba sendo atraída pelas luzes das vitrines, pelos modelos de sucesso e pelas ilusões financeiras comuns em nossos dias.

Você tem fome de que? A bíblia ensina que devemos olhar para o nosso coração e perceber quais são as motivações que nos levam a tomar as decisões que tomamos. O episódio da multiplicação dos pães (João 6) e peixes nos ensina muito sobre tudo isso.

Jesus está no alto do monte, com seus discípulos, e percebe não apenas uma grande multidão vindo ao seu encontro, mas também sua necessidade. A partir de então, o milagre da provisão de Deus começa a ocorrer entre aqueles homens que seguem a Jesus. André encontra um menino com cinco pães e dois peixes, disposto a compartilhar. Jesus agradece ao Senhor, divide o pão e todos são alimentados. O improvável acontece, e Deus faz o milagre. Após todos estarem fartos, Jesus pede para que recolham o restante, para que nada se perca, demonstrando a responsabilidade e a reverência para com aquilo que é presente de Deus.

O dia seguinte revela que os homens alcançados pelo milagre não entenderam o que havia acontecido com eles, nem tampouco o que Jesus estava proprondo. Procuraram desesperadamente por Jesus, e quando o encontraram foram expostos por Cristo. Na verdade, caminharam ao encontro de Jesus por causa do pão, da fome e da necessidade material apenas. Jesus responde a tudo isso dizendo: Eu sou o pão da vida. Todos os outros pães são perecíveis, morrem e sucumbem ao tempo. O pão do céu é eterno, e conduz à vida eterna.

O Pão Vivo é capaz de alimentar completa e eternamente o homem. Capaz de fazer brotar fé e descanso na vida. Capaz de resolver os conflitos mais profundos, e acalmar a alma cansada de procurar satisfação em tantas coisas. O Pão Vivo é Cristo, que dá a vida eterna, para todo aquele que crê. Em Cristo toda a ansiedade é curada, e coração do homem encontra paz. Fome de Deus! É o que precisamos!

Wednesday, March 02, 2011

É RASO?

Outro dia li algo no Facebook que me fez rir e pensar. Falava sobre conversas de elevador, que são sempre as mesmas, nunca mudam. Falam sobre o clima, sobre a chuva, sobre o feriado, sobre o tempo que o elevador demora para subir ou descer, um pequeno silêncio e pronto. No final da viagem, cada um para o seu lado, sem que aquele momento tenha significado absolutamente nada na vida de ambos.

O ser humano tem feito isso com a vida, em todos os ambientes da sua existência. A cada dia vemos nascer uma geração dirigida por propósitos, conquistas, tarefas, títulos e dinheiro. Uma geração que se apaixona pelas coisas, mais que pelas pessoas. Uma geração iludida pelos brinquedos tecnológicos, que ludibriam a vida, roubam o tempo, e superficializam os relacionamentos. Uma geração que consome informação, que busca o saber, mas desaprendeu a ser.

A superficialidade é a onda do momento. Juntamente com o movimento da pós-modernidade, assuntos como a pluralidade (a variedade de muitos produtos com a mesma finalidade), a privacidade e a impessoalidade, tornam o ser humano cada vez mais ligado à imagem e a compreensão rasa da vida e dos assuntos a ela correlatos.

A internet, os telefones celulares e o volume imenso de informações inúteis são o grande mal dessa geração que desaprendeu a aprofundar a vida. O conhecimento hoje tornou-se superficial. Coisa de almanaque. O mundo tem desaprendido a ler, a aprofundar o saber e a realmente refletir no que crê. A pergunta feita por Filipe ao Eunuco (Atos 8.26-40), enquanto este lia o texto bíblico, foi: compreendes o que vens lendo? Em outras palavras, Filipe perguntou pelo significado real que aquele conteúdo exercia na vida do Eunuco. Quando Filipe explica o texto ao Eunuco, o resultado da compreensão foi a fé, ou até mesmo a fé aprofundou a compreensão.

A tendência de Jesus, em todos os diálogos narrados nos Evangelhos, foi sempre de aprofundar o significado das conversas. Diante dos elogios de Nicodemos (João 3.1-21), Jesus não se impressiona, e remete Nicodemos ao verdadeiro sentido da existência, o nascer de novo. Fala de coisas espirituais e profundas. Fala da fé, do sacrifício do Filho e da vontade de Deus em se revelar através do Filho.

Outro exemplo do aprofundamento do diálogo foi o encontro de Jesus com a Mulher Samaritana (João 4.1-30; 39-42). A conversa começou como uma conversa de elevador. Você tem um copo d’água, perguntou Jesus? O caminho do aprofundamento do diálogo segue passando pelas questão raciais, questões religiosas, questões da vida e finalmente questões relacionais e espirituais. Qual foi o resultado deste encontro? A conversão da mulher, a transformação da vida, e o redirecionamento do próprio sentido da existência da mulher. Ela entrou no diálogo como uma adúltera, confusa e machucada pelos caminhos que trilhou. Ao final da conversa, o que vemos é uma mulher com o coração cheio de fé, feita missionária, proclamadora da mensagem do evangelho que aprofunda a vida. Como resultado da ação divina, Jesus ficou mais dois dias em Samaria, e muitos creram na Palavra, por ouvir a Cristo.

A riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus é profunda (Rm.11.33). O desejo de Deus é que todos os seus filhos caminhem para a maturidade e para a transformação da vida. Lembre-se que com Jesus, toda a conversa de elevador termina em transformação e vida. Assim, meu desejo é que Deus lhe dê da sua plenitude e graça, para que sua vida seja cheia da alegria e da maturidade do Senhor, para a glória de Deus.