Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém
amar o mundo, o amor do Pai não está nele.
Pois tudo o que há no mundo — a cobiça da carne, a
cobiça dos olhos e a ostentação dos bens — não provém do Pai, mas do mundo.
O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz
a vontade de Deus permanece para sempre (1 João 2:15-17).
A maturidade cristã é composta por diversos e diferentes níveis e
estágios. Nem todos os cristãos tem a mesma estatura em sua fé. A palavra de
Deus afirma que existem bebês na fé, existem pessoas maduras, e existem também aqueles que lideram o rebanho
do Senhor. Diante de todos os crentes, sejam eles maduros ou não, está o mesmo
desafio exposto pela Palavra: o amor a Deus e o amor ao próximo.
Em prirmeiro lugar, precisa-se entender quem são os bebês na fé. São aqueles
que compreendem que os seus pecados foram perdoados, por causa do sacrifício de
Jesus. Estes novos na fé tem a compreensão primária de que foram lavados pelo
sangue de Jesus, e que o novo homem, revestido da justiça de Cristo, agora
mudou o seu coração, gerando assim uma incongruência, uma incompatibilidade e
não conformidade dele com o mundo. São novos na fé também aqueles que primeiro
provam do conhecimento de Deus, revelado em
Cristo. Quem conhece o Pai, sua santidade e amor, consequentemente vai
amar mais ao Pai que ao mundo caído e maligno. Este estágio para por aqui.
Os maduros na fé, são aqueles que aprendem e aplicam princípios mais
profundos da Palavra em sua vida pessoal e relacional. O que é maduro sempre
mantém o coração aberto para o aprendizado. Sempre livre para rever os
conceitos, e aprofundar os valores do Reino de Deus em sua existência. O
conhecimento de Deus os leva a repensar e reprovar aquilo que é mundano e que,
portanto, não provém do Senhor.
Existe ainda um terceiro grupo, que é formado por aqueles mais maduros
ainda, geralmente distinguidos para liderar o ensino da Palavra, e conduzir o
rebanho do Senhor. Este são treinados na escola de Cristo. Os seus braços estão
prontos para a batalha, combatendo toda a forma de mal, e de expressão do
pecado, que podem roubar a paz do coração e também da Igreja de Cristo Jesus.
Quanto mais caminham em Cristo, mais são fortalecidos na força do Senhor. Conhecem
o que é desde o princípio, são fortes, a Palavra de Deus habita o seu coração,
e venceram o maligno (1Jo.2.14).
Estes três grupos identificados pelo Apóstolo João, são convidados a
praticarem o mesmo exercício de fé. Não importa o estágio, ou momento da vida
cristã, todos os crentes são convidados para o mesmo desafio, de viver a vida
plenamente para Cristo, amando a Deus com todo o coração. Quais seriam os
desdobramentos deste desafio?
Todo o filho de Deus deve ter o mundo crucificado em seu coração. Talvez alguém possa perguntar: O que é o mundo? O mundo, descrito aqui pelo apóstolo João é o kosmos, que representa não as pessoas, mas sim a estrutura, a mentalidade que governa o mundo sem Deus, e que conduz o ser humano a pecar contra Deus. Não amar o mundo, é deixar de apoiar atitudes de pecado, que depõem contra a vida, e contra os valores de Deus em Sua Palavra. O amor do cristão deve ser exclusivamente dedicado ao Senhor, e ao próximo. O coração do ser humano não
consegue controlar esta ambiguidade de se amar a Deus e também amar o mundo, traduzido aqui por esta mentalidade pecaminosa. O
amor ao mundo, conduz o ser humano a praticar o que o mundo mais ama, que é o
pecado, a distância de Deus, a satisfação da carnalidade, a adoraçao ao
dinheiro, e a tantos outros ídolos que nascem no coração daquele que não ama a
Deus, ou que tenta ama-lo duplamente. A consequência de se amar o mundo é que o
amor do Pai não estará no coração deste.
Aquele qe ama a Deus precisa
reconhecer que tudo o que há no mundo não provém de Deus. O mundo gera cobiça
no coração humano. Desejos desordenados, que gradativamente vão ganhando a
alma, e mudando a prática da vida. Quais são as consequências de se amar o
mundo? O texto de 1João 2.15-17 fala de três males que nascem no coração
daquele que ama mais o mundo que à Deus.
O primeiro mal é a cobiça da carne, ou a luxúria como também é
identificada, é a primeira das cobiças. Luxúria é o último dos sete pecados
capitais. É diretamente oposta à pureza de coração, pois revela a libertinagem
da carne, ao satisfazer seus instintos mais impuros. O problema da
libertinagem, como afirma Tomás de Aquino, é que ela cativa a mente humana mais
que qualquer outro pecado. A cobiça da carne traduzida em nossos dias, pode ser
compreendida como a promiscuidade, a pornografia, o adultério, o incesto, a
sedução, a prostituição, o estupro, o vício e idolatria pelo sexo, como
expressão imoral e impura do impulso sexual.
Vivemos numa cultura que, infelizmente, exagera na questão da
sexualidade. Há uma hiper exposição sexual na mídia, quase que uma onipresença
da sexualidade nas propagandas, filmes, novelas e seriados, que demonstram o
culto ao corpo, à beleza, à posição social e tantos outros derivados desta
equação distorcida e maligna. Para vencer esta guerra, a humanidade precisa
ganhar a primeira batalha, que se dá no coração. É preciso reconhecer que esta
libertinagem exposta em nossos dias não provém do Senhor, não é fruto do amor
de Deus, e portanto, não deve também ocupar espaço no coração do cristão.
O segundo mal do coração daquele que ama o mundo é a cobiça dos olhos,
também conhecida como a inveja, o profundo desejo de obter para si mesmo aquilo
que é do outro. Richard Condon afirma que a inveja é o câncer da psiquê. A
inveja, produz desespero ao coração de quem a alimenta. O invejoso é o que mais
sofre, pois padece de um mal que não pode e não consegue revelar à ninguém. A
cobiça dos olhos nasce à partir do momento que o sucesso da outra pessoa é
observado. Assim, o pecado da inveja faz com que o invejoso caminhe da tristeza
ao menosprezo, e do menosprezo à destruição. A inveja é um sentimento
subjetivo, que não diminui com a idade, e é extremanente desgastante para quem
a sente.
O terceiro mal é o orgulho, que talvez seja o pior dos pecados. É a
fonte inspiradora de todos os demais pecados do
coração humano. O orgulho é o desejo do ser humano ser igual à Deus, e
certeza que ele tem de que é melhor que o outro pelo menos. O orgulho é
arrogante, mau em si mesmo, motivador da presunção e do sentimento de
superioridade. O orgulhoso é egocêntrico, convencido e teimoso. Este orgulho
somente encontra a cura quando repousa nos braços acolhedores do amor do
Senhor. A alma descansa, e não precisa mais lutar por encontrar seu lugar, pois
foi encontrada no amor de Deus, que acalma o coração e satisfaz a vida para
sempre.
O mundo, bem como todos os seus desdobramentos pecaminosos, é
passageiro. Os frutos da libertinagem, inveja e orgulho, são temporários.
Muitos deles, na verdade, provocam sofrimento ao coração humano, mais que
alegria e prazer. A bíblia compara a vida humana à uma erva, que seca
rapidamente e cai. Compara também à um piscar de olhos, rápido, quase que
imperceptível. Esta efemeridade da vida, a rapidez com que as coisas acontecem,
geram o sentimento de fragilidade, e
também de incertezas diante das mudanças que aconcetem no mundo.
Opondo-se a esta temporariedade da vida, está a eternidade, proposta ao
Senhor para aqueles que o amam completamente. Quem faz a vontade de Deus,
afirma a Palavra, permanece para sempre. O amor nunca falha, nunca se
desespera. O amor prevalece, revela a face de Deus, bem como sua graça e
cuidado para com o ser humano. O amor transforma o coração, e faz nascer o novo
homem, que tem o coração totalmente em Deus.
O conselho das
Escrituras para aqueles que amam a Cristo é o desafio à continuidade do amor.
Exercitar o amor, permanecer amando, e viver para a glória de Deus é que devem
fazer os filhos de Deus. " ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu
coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu
entendimento’ e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’" (Lucas 10:27).