Wednesday, March 02, 2011

É RASO?

Outro dia li algo no Facebook que me fez rir e pensar. Falava sobre conversas de elevador, que são sempre as mesmas, nunca mudam. Falam sobre o clima, sobre a chuva, sobre o feriado, sobre o tempo que o elevador demora para subir ou descer, um pequeno silêncio e pronto. No final da viagem, cada um para o seu lado, sem que aquele momento tenha significado absolutamente nada na vida de ambos.

O ser humano tem feito isso com a vida, em todos os ambientes da sua existência. A cada dia vemos nascer uma geração dirigida por propósitos, conquistas, tarefas, títulos e dinheiro. Uma geração que se apaixona pelas coisas, mais que pelas pessoas. Uma geração iludida pelos brinquedos tecnológicos, que ludibriam a vida, roubam o tempo, e superficializam os relacionamentos. Uma geração que consome informação, que busca o saber, mas desaprendeu a ser.

A superficialidade é a onda do momento. Juntamente com o movimento da pós-modernidade, assuntos como a pluralidade (a variedade de muitos produtos com a mesma finalidade), a privacidade e a impessoalidade, tornam o ser humano cada vez mais ligado à imagem e a compreensão rasa da vida e dos assuntos a ela correlatos.

A internet, os telefones celulares e o volume imenso de informações inúteis são o grande mal dessa geração que desaprendeu a aprofundar a vida. O conhecimento hoje tornou-se superficial. Coisa de almanaque. O mundo tem desaprendido a ler, a aprofundar o saber e a realmente refletir no que crê. A pergunta feita por Filipe ao Eunuco (Atos 8.26-40), enquanto este lia o texto bíblico, foi: compreendes o que vens lendo? Em outras palavras, Filipe perguntou pelo significado real que aquele conteúdo exercia na vida do Eunuco. Quando Filipe explica o texto ao Eunuco, o resultado da compreensão foi a fé, ou até mesmo a fé aprofundou a compreensão.

A tendência de Jesus, em todos os diálogos narrados nos Evangelhos, foi sempre de aprofundar o significado das conversas. Diante dos elogios de Nicodemos (João 3.1-21), Jesus não se impressiona, e remete Nicodemos ao verdadeiro sentido da existência, o nascer de novo. Fala de coisas espirituais e profundas. Fala da fé, do sacrifício do Filho e da vontade de Deus em se revelar através do Filho.

Outro exemplo do aprofundamento do diálogo foi o encontro de Jesus com a Mulher Samaritana (João 4.1-30; 39-42). A conversa começou como uma conversa de elevador. Você tem um copo d’água, perguntou Jesus? O caminho do aprofundamento do diálogo segue passando pelas questão raciais, questões religiosas, questões da vida e finalmente questões relacionais e espirituais. Qual foi o resultado deste encontro? A conversão da mulher, a transformação da vida, e o redirecionamento do próprio sentido da existência da mulher. Ela entrou no diálogo como uma adúltera, confusa e machucada pelos caminhos que trilhou. Ao final da conversa, o que vemos é uma mulher com o coração cheio de fé, feita missionária, proclamadora da mensagem do evangelho que aprofunda a vida. Como resultado da ação divina, Jesus ficou mais dois dias em Samaria, e muitos creram na Palavra, por ouvir a Cristo.

A riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus é profunda (Rm.11.33). O desejo de Deus é que todos os seus filhos caminhem para a maturidade e para a transformação da vida. Lembre-se que com Jesus, toda a conversa de elevador termina em transformação e vida. Assim, meu desejo é que Deus lhe dê da sua plenitude e graça, para que sua vida seja cheia da alegria e da maturidade do Senhor, para a glória de Deus.

1 comment:

Bethinha said...

Excelente reflexão Ju... Deus continue a boa obra que um dia Ele começou. Saudades de todos.