Tuesday, December 20, 2011

GUARDA O EVANGELHO


O apóstolo Paulo foi um grande instrumento de Deus para a expansão da Igreja entre os gentios. Foi através do ministério de Paulo que a Igreja avançou num primeiro momento, alcançado os povos não alcançados e sendo luz em meio às trevas.
A segunda carta de Paulo à Timóteo foi um dos últimos escritos do apóstolo. Já idoso, trancafiado em uma masmorra húmida em Roma, escreve muito mais que uma epístola. Deixa em suas linhas, segundo Matthew Henry, um testamento para a Igreja.
Portanto, na relação  entre Paulo e Timóteo, está muito mais que uma amizade, mas a preservação do próprio evangelho. Juntos eles conspiram a favor da continuação da causa de Cristo, para a transformação da humanidade. Quais são as lições deixadas por Paulo, para que guardemos o Evangelho?
Em primeiro, para guardar o evangelho é preciso ter consciência da identidade em Deus. Paulo sabe que é apóstolo segundo a vontade de Deus, e também tem consciência da identidade de Timóteo, pois o trata como filho amado. Nossa identidade é formada por quatro aspectos demonstrados no texto: 1) família; 2)amizades; 3) Dom de Deus; 4)Auto-disciplina
Em segundo lugar, para guardar o evangelho, é preciso ter o conhecimento de Cristo. O evangelho é a salvação concedida por Cristo. A origem, portanto, do evangelho, não são as nossas obras, mas a determinação de Deus. O fundamento do evangelho é Cristo, eternamente prometido, mas agora revelado. Cristo, que destruiu a morte e trouxe luz à imoralidade. Ele é o centro de todas as coisas, e o ponto primeiro da revelação do amor de Deus.
Em terceiro, para guardar o evangelho é preciso compreender a nossa responsabilidade. Cristo nos deu a grande comissão, para irmos e proclamarmos o evangelho à todos os povos. Assim, guardamos o evangelho quando comunicamos e ensinamos sobre Cristo, quando sofremos para que o evangelho seja gerado, e quando mantemos o padrão da sã doutrina atravé da fé e do amor a Cristo.
Que Deus nos capacite a guardarmos pura a mensagem do evangelho através da sua Palavra, e comunicarmos a vida de Cristo com amor e profundidade, para a glória de Deus!

Thursday, December 15, 2011

Evangelho é Equilíbrio


O equilíbrio é uma grande virtude na vida. Ponderar questões importantes, ter discernimento para pesar entre o certo e errado, ou até mesmo compreender fatores que a princípio estão abaixo da superfície emocional são elementos importantes na vida. O equilíbrio é a fonte do entendimento e o princípio da maturidade. Todo extremo é perigoso.

O evangelho é equilíbrio. As emoções de Cristo são completamente equilibradas. Ao ler o evangelho, fico impressionado com a capacidade de Jesus reagir perfeita e equilibradamente em todas as situações. Por um lado reagir com firmeza diante dos fariseus mal intencionados, e por outro,  com graça diante da mulher com fluxo de sangue. Reagir com dureza diante do comércio feito inescrupulosamente no templo, e com extrema compaixão diante da viúva pobre que depositou uma pequena oferta no gazofilácio. 

Infelizmente, vivemos um tempo de desequilíbrio no mundo, e consequentemente na Igreja. J.I. Packer, no livro O Antigo Evangelho, detecta com profundidade uma das questões centrais que contribuem para o desequilíbrio na Igreja hoje. O problema é que o evangelho deixou de ser para a glória de Deus, e passou a ser para ajudar o homem. A pregação se tornou um veículo de auxílio humano, e não mais a proclamação da glória, do poder, da santidade e virtude de Deus. Há cem anos que a igreja vem mudando o centro da pregação, retirando Cristo e gradativamente colocando o homem no lugar.

O que vemos hoje são ministérios inteiros fundamentados no hedonismo, que é a busca ilimitada de prazer e satisfação pessoal, e também em outro fator igualmente pernicioso, o narcisismo,  que em suma é o desejo que o ser humano tem de adimirar a si mesmo. Desta maneira, o que infelizmente observamos em muitas expressões do movimento evangélico é fruto da descentralização de Cristo e da cruz.

Como equibrar a vida? Quais são os elemementos que precisam ser calibrados, a fim de que Cristo seja o centro da expressão do viver? Há pelo menos três elementos que precisam ser considerados, seguindo a pista de John Stott, no livro Cristianismo Equilibrado.

Em primeiro, é preciso equlibrar a razão e a emoção. O excesso de intelecto proporciona a falta de sensibilidade e humanidade. Num outro aspecto, o excesso de emoção proporciona a falta de inteligência e racioncínio. A história está recheada de exemplos em ambos os extremos. Foi o extremo culto à razão que levou a morte das igrejas na Europa. Em contrapardida, a emoção sem limites trouxe consequências terríveis à diferentes grupos no decorrer da história. Não há beleza no extremismo.

Para combater a emoção extrema é preciso compreender que em nossos dias, na Igreja, há pelo menos três pontos que precisam ser corrigidos veementemente: 1) a falta de pregação bíblica; 2) o excesso de apelo às emoções; 3) a experiência como critério para a verdade. O perigo deste desequilíbrio é proporcionar que o homem passe a agir instintivamente, deixando de exaltar a glória de Deus. Portanto, ao raciocinar, o homem  está se valendo da própria imagem de Deus nele, e equilibrando a vida.

Em segundo lugar, é preciso equilibrar entre a tradição e a liberdade. Existem dois tipos bem presentes na Igreja. Os resitentes e os abertos à mudanças. Toda mudança gera sofrimento. Mudar de cidade, de cultura, língua. Mudar de casa, ou escola. Mudar o trabalho, ou até mesmo a profissão. Toda a mudança é uma tensão, que precisa ser bem trabalhada.

A igreja tem passado por grandes mudanças no último século. Pelo menos três fatores de mudança são importantes de se mencionar. Em primeiro, a transição de uma era no campo da filiosofia, quando caminhamos do modernismo para o pós-modernismo. Em segundo, a evolução do evangelho nos países em desenvolvimento, que fez nascer uma outra proposta para elementos, tais como a reforma, que estão presentes na cultura européia ha pelo menos 500 anos. Em terceiro lugar, o nascimento do movimento pentecostal, e agora neo-pentecostal, apresentando-se como o extremo da reação ao tradicionalismo.

Assim, como fruto desta tensão interna e externa, ocorre uma desnecessária polarização do evangelho, que desequilibra a expressão do mesmo. Qual é a proposta para o equilíbrio, quando tratamos de questões delicadas, decorrente das desconfortáveis mudanças?

Precisamos ser conservadores em pelo menos quatro aspectos: 1) Conservadores quanto à revelação de Cristo e da Palavra; 2) conservadores para guardar a essência da pregação e do evangelho; 3) Conservadores para batalharmos em favor da fé; 4) conservadores no sentido de não inventarmos um outro evangelho, ao contrário, batalharmos preservarmos o mesmo evangelho.

Em que devemos ser abertos, e até mesmo radicais quanto à mudança? Na comunicação do evangelho, e na aplicação da verdade da Palavra de Deus relacionada aos dramas atuais da vida humana. Radicais para expressarmos, de muitas maneiras, a verdadeira transformação que o evangelho proporciona na vida humana.

Em terceiro lugar, equilíbrio entre a estrutura e a falta de estrutura. Na década de 70, fruto da influência das comunidades que surgiram em países da América Latina e América do Norte, e do ideal de se viver longe das estruturas denominacionalmetne enrijecidas, surgiu no Brasil o movimento das Comunidades. O que se observa nos útimos 40 anos, portanto, é o crescimento de igrejas independentes, em nome da liberdade de culto e de governo nas igrejas locais.  Até mesmo as igrejas que permanecem nas denominações, quando alcançam autonomia suficiente, tendem a afastar-se e pecaminosamente pensar que não precisam das demais igrejas para sobreviver. Em ambos os apectos, a tentativa de afirmar o evangelho a partir da estrura ou da asência dela é ausente do sentido básico da fé.

O que é preciso para que esta questão seja reequilibrada? Pelo menos quatro aspectos: 1) Uma igreja estruturada, 2) Uma adoração formal (equlíbrio entre o barulho e a reverência), 3) Princípio de conexão entre a Igreja local e a Igreja universal; 4) Responsabilidade evangelísta e social.

Meu desejo é que, a cada dia, possa brotar equilíbrio nas vidas daqueles que amam a Jesus. Vidas equilibradas entre a razão e a emoção, a tradição e a novidade, e entre a estrutura e a liberdade, pois no equilíbrio está a alegria e a maturidade. 

Tuesday, December 06, 2011

RECONCILIADOS!


Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida (Rom 5.10).

A Igreja é a expressão da comunhão daqueles que foram salvos por Cristo. É a união dos pecadores redimidos, prontos para adorar a Jesus Cristo, que efetuou a reconciliação entre Deus e o ser humano caído.

Nós fomos reconciliados quando éramos inimigos. O fator que causa inimizade entre o ser humano e Deus é o pecado. A força do pecado é capaz de afastar o ser humano de Deus, pois o Senhor não convive com o pecado. Assim, Cristo se fez pecado, sem que tenha pecado, para que por meio do seu sacrifício pudéssemos ter comunhão com Deus.

Nós fomos reconciliados pela cruz. A cruz é a expressão da misericórdia e também da justiça de Deus. Pela cruz nós fomos salvos. Pela cruz nós fomos justificados e unidos com Cristo e também uns com os outros. Assim, a Igreja é a união daqueles salvos pela cruz.

Nós fomos reconciliados, e assim temos vida. A salvação não é apenas um ticket para o céu. Muito mais que isso, a salvação é a adoção de um novo estilo de vida, baseado no amor, na graça e no perdão de Jesus. A nossa vida em Cristo tem um modelo, uma expressão, um alvo. O propósito de Deus é de ter uma família, de muitos filhos semelhantes a Jesus. Assim, quanto mais semelhantes a Jesus, mais temos vida.

Meu desejo é que sejamos cada vez mais uma Igreja que expressa a amizade com Deus, a cruz de Cristo e a semelhança ao salvador. Desta forma, muitos verão e crerão!

Saturday, December 03, 2011

Trabalhado pela graça


Zacarias era sacerdote, apenas mais um entre muitos que exerciam o mesmo ofício em sua época. Pertencia à um grupo de sacerdotes, que servia em um dos vinte quatro turnos existentes  no templo em Jerusalém. Era um homem justo, casado com uma mulher também justa, chamada Isabel. Viviam irrepreensivelmente, com a consciência tranquila diante de Deus, obendecendo livremente a Palavra. Eram já idosos, e não tinham filhos, por conta da esterelidade de Isabel.

Ao olhar para esta família, imagino o contraste entre a fidelidade e a frustração. Uma existência vivida para Deus, contrastada com o impedimento do nascimento do filho. Por um lado o poder da glória e majestade do Senhor, e por outro, o limite humano. A finitude e a falência, diante da graça e virtude.

Num destes turnos de serviço, por conta de um sorteio, coube à Zacarias, entrar no Santo Lugar, e sozinho, queimar o incenso ao Senhor. Esta era uma oportunidade singular. Um acontecimento que poderia ser único em toda a vida de Zacarias. Todos os outros sacerdotes se retiraram, o povo permanecia do lado de fora orando. Assim, ali está Zacarias, sozinho no Santo Lugar.

A graça de Deus trabalha em nossas vidas de maneira pessoal e íntima. A solitude, a adoração e reverência são elementos do agir do Senhor na vida de seus filhos. Desta forma, quando Zacarais menos espera, ao lado do altar do incenso, um anjo do Senhor, trazendo a mensagem de Deus. A graça de Deus é assim, acontece de repente. Como o vento que sopra, e não se sabe de onde  vem ou pra onde vai, assim é a graça, que pela vontade de Deus nos alcança e transforma a vida para sempre.  

A graça de Deus responde nossas orações. O que exatamente Zacarias orou? Talvez tenha desejado um filho, ou que a alegria de Isabel fosse completa, ou até mesmo que o Senhor enviasse o Messias para libertar Israel. Não sabemos. O que podemos, contudo, perceber e crer, é que todas as orações e desejos de Zacarias foram respondidos.  As orações de fé são arquivadas no céu e não se esquecem. As orações feitas quando éramos jovens e entravamos no mundo, podem ser respondidas quando sejamos velhos e estejamos saindo do mundo. As misericórdias são duplamente doces quando são dadas como respostas à oração (Matthew Henry).

A graça de Deus nos concede o que não merecemos, e ainda nos surpreende com mais do que possamos imaginar. Para Zacarias e Isabel, João foi a manifestação concreta da graça. O nome de João significa o Senhor é gracioso, e a promessa sobre o menino é que ele seria grande diante de Deus. A missão de João foi de preparar o caminho para o Messias. Assim, não apenas o coração de Zacarias e Isabel se alegrou, mas sim, todo o povo de Deus celebrou a vida de João Batista, presente de Deus para os seus pais, e instrumento do Senhor para a manifestação de Cristo Jesus.

A graça de Deus corrige a vida e trabalha a fé. Zacarias duvidou da Palavra de Deus. Talvez tenha achado um absurdo. Olhou para si mesmo, para sua condição humana, para os todos os limites, que neste ponto eram perceptíveis em sua vida, e simplesmente descreu. A verdadeira graça é aquela que se manifesta apesar do limite humano, pois sua base não é a fé, mas a glória de Deus. Zacarias ficou mudo até o nascimento de João. O silêncio trabalhou e corrigiu sua vida, pois assim é a graça de Deus. Após o nascimento de seu filho, Zacarias proferiu suas primeiras palavras, uma oração fervorosa, cheia de gratidão a Deus e consciente do cumprimento da promessa e da graça de Deus sobre a vida de João, e do Messias prometido.

A graça de Deus, portanto, trabalha em nós de maneira pessoal, respondendo nossas orações, concedendo-nos o que não merecemos e corrigindo a vida, para a realização do propósito eterno de Deus, e para a glória do Senhor na existência e na história.