Friday, January 28, 2011

MUITO VERSUS TUDO

Nós perdemos TUDO - Cristo fez TUDO -  Nós ganhamos TUDO (Randy Pope, 2011 - Orlando FL)

A fila anda! Essa foi a frase utilizada por Mano Menezes, ao assumir a seleção brasileira, resumindo sua filosofia de trabalho, dizendo da brevidade da carreira do jogador, e de sua busca pelo melhor. Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião, o tempo rodou num instante, nas voltas do meu coração, escreve Chico Buarque, na tentativa de relatar as mundanças repentinas na vida, nos relacionamentos e sistemas de governo, e as transições na existência que fogem do controle humano.

Talvez você esteja pensando nas perdas que ja enfrentou na vida. Das vezes que viu, diante dos seus olhos, esta tal de roda gigante girar, a fila andar, e mudar processos, lugares, pessoas, situações e sentimentos. Muitos, realmente, perderam coisas importantes. Perderam seus pais, ou pessoas queridas que se foram. Perderam empregos, carreiras, tiveram que abandonar lugares que uma vez amaram, e processos que um dia sonharam. Outros perderam relacionamentos, casamentos foram quebrados, a vida abalroada por rompantes totalmente fora do controle. Perdas nos fazem definitivamente sofrer, a não ser que sejamos ou cínicos ou inocentes para não perceber.

A tentativa que o homem faz de encontrar eperança para a vida, sem apoioar-se em Deus é sempre falha e improdutiva. O problema é que, na verdade, por causa da natureza humana, o homem perdeu tudo. Sem esta consciência, os processos de perda nos fazem sofrer muito mais. Sem Jesus, a cada perda é gerada uma tentativa de provar para si mesmo, e para os que estão a volta, que não é tão grave assim. Perdi alguma coisa, mas ainda restou algo de bom em mim, dizem os que tentam provar para si mesmos sua benignidade. Uma luta que considero totalmente perdida é quando o ser humano tenta provar que é bom, que tem poder, e que controla situações na vida.

Em termos de ganharmos algo, precisamos assumir que nós perdemos tudo. O pecado nos roubou tudo. Totalmente perdidos, separados de Deus, distantes do Senhor. Somos vazios, perdidos, pecadores e precisamos de ajuda para encontrar esperança na vida. De que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Ganhar o mundo não resolve o drama da alma. Na verdade, assumir a perda é que faz nascer a esperança.

A esperança nasce da consciência da perda. Cada vez que tento provar para mim mesmo que sou bom, que não sou tão pecador assim, acabo me distanciando mais de Deus. Pelo contrário, a cada vez que me aproximo do Senhor com as mãos vazias, como o mendigo que não tem absolutamente nada, e que espera pela bondada do seu Senhor, recebo de Deus a graça para continuar, e a esperança necessária para enfrentar os embates da vida.

Para que isso aconteça, precisamos ganhar uma consciência que parece estar cada vez mais opaca em nossa geração. Jesus fez tudo para que eu ganhasse tudo. O problema é que não reconhecemos isto em nossas vidas. Muitas vezes temos a tendência de crer que Jesus fez muito, mas não expressamos que Ele fez tudo. Damos crédito pela cruz ao dizermos: a cruz é mais do que eu poderia fazer, é um peso que eu jamais poderia carregar. Contudo, quando a cruz exige submissão ao senhorio de Jesus, e mudança moral e ética na conduta dos detalhes da vida, as respostas se tornam evazivas, filosóficas, humanistas e distantes da verdade. Assim, muitas vezes o homem acredita que Jesus fez muito, mas não percebe que Ele fez tudo.

Quando jovem, estudei num dos colégios mais vibrantes e entusiásticos da cidade. Decidi que nos intervalos iria estudar a Bíblia com todos os que aparecessem. Fui ao então diretor da escola para pedir o espaço para as reuniões, e compartilhei com ele o que eu estava motivado a fazer, ensinar sobre Jesus para os meus colegas de classe. A resposta dele foi: Claro, Jesus Cristo, Ulisses Guimarães, Paul Macartney, John Lennon, todos grandes caras.

Esta é a mentalidade que infelizemente encontramos na Igreja e no mundo em nossos dias. Cremos que Jesus fez muito, mas temos dificuldade em crer que Ele fez tudo. Quando o homem crê que Cristo fez tudo, então, no coração deste que crê, ao invés de um elogio, ou admiração contemplativa, nasce uma verdadeira adoração, que leva a vida a se render aos pés de Jesus e reconhecer que Ele fez tudo.

Portanto, diante da consciência de que perdemos tudo, e que Jesus fez tudo, precisamos compreender que em Jesus ganhamos tudo. O problema é que queremos ganhar muito, mas não tudo. O muito está ligado à salvação, às bênçãos, à proteção, aos benefícios, às coisas em si. Queremos os presentes de Deus, mais que a Sua presença. Contudo, quando cremos que perdemos tudo, precisamos compreender que ganhamos tudo também. O tudo está relacionado com a submissão, com as bem aventuranças, com a justica e a misericórdia de Deus.

O impacto que Jesus gerou na vida dos discípulos foi leva-los a compreender a urgência e prioridade do Reino de Deus. Os discípulos abandonaram tudo por causa de Jesus. Em Cristo, portanto, não ganhamos muito, ganhamos tudo. O que Jesus promove na vida do ser humano é transformação, e o que brota do relacionamento com Jesus é esperança. A vida com Cristo é cheia de esperança e beleza, porque ao perdermos tudo, n’Ele ganhamos tudo.

O convite de Jesus é para que vivamos essa dinâmica na vida. Nós perdemos tudo, e Ele fez tudo, para que nós ganhássemos tudo. Assim, brota no coração uma esperança que não se esvai, uma paz que não se atormenta, uma tranquilidade não ansiosa, uma compreensão profunda da vida e faz nascer relacionamentos que não se quebram, pois são feitos em Cristo, que nos dá tudo!

Lembre-se, mais que muito, é tudo!

Wednesday, January 26, 2011

O CÉU NA TERRA!

Eu sempre me senti atraído por ouvir grandes histórias. Amo escutar histórias bem contadas, gosto dos detalhes dos enredos, de pensar e construir personagens; gosto das entrelinhas e possibilidades que as histórias promovem. Espero pelos sobressaltos, fico atento ao ritmo e a sequência dos fatos. Gosto de rir com os finais felizes, e de aprender com as lições de vida. Os exemplos das grandes narrativas me motivam, biografias me encorajam, histórias trabalham o meu coração.

Quando criança devorei os livros da Coleção Vagalume. No começo por obrigação, exigência e rigidez do Colégio Santo Inácio, escola católica que estudei. Depois, confesso que se transformou em um dos grandes prazeres da minha infância e pré-adolescência. O Rapto do garoto de ouro, Xisto no Espaço, O Mistério do Cinco Estrelas, Cem noites Tapuias, Éramos seis, entre outros, foram livros que povoaram meu imaginário e minhas aventuras infantis.

Quando cri em Jesus, o Novo Testamento se tornou minha leitura diária. Li, reli, anotei, voltei a ler, e a cada vez que lia, me encatava mais com a doçura e a profundidade da vida de Cristo. Atos dos Apóstolos é de tirar o fôlego. É lindo ver o Reino de Deus expandindo na face da terra, e a Igreja sendo formada em Atos. As cartas Paulinas e demais cartas do Novo Testamento, todas apontando para Jesus como o Senhor da história. Outros livros também me trouxeram para mais perto do Reino de Deus. Foge Nick Foge, o Tótem da Paz, Duplamente perdoado, O livro dos Mártires, Heróis da Fé, entre outros me encheram a mente de histórias profundas da manifestação da graça e do amor de Deus.

Nossa vida é dirigida pelas histórias que ouvimos e vivenciamos. Somos influenciados, inspirados, encorajados e transformados pelo poder das histórias. Chesterton escreve que a vida é uma grande história. Enredos, personagens, lugares, oportunidades e momentos únicos em uma existência. O que vivemos é uma grande história. Como pode a história de Deus tocar a nossa história, e transformar nossas vidas, famílias, cidades e nações? Como pode a história de Jesus curar a nossa história?

Deus escreve a sua história em meio à nossa história. Em Cristo, o eterno tocou o temporal, e a história da salvação se completou, mudando para sempre os rumos da humanidade, reconciliando o ser humano com Deus, e abrindo a possibilidade de um novo e aberto relacionamento entre Deus e o homem. O Verbo se fez carne e habitou entre nós. Jesus construiu seu tabernáculo na terra e misturou a sua história com a nossa. Abriu mão de toda a sua glória, para enveredar-se na jornada humana, e dar a ela rumo, vida e salvação. A história de Deus mudou o destino da nossa história caída e fadada ao fracasso.

Em Cristo, nossa história é alinhada com a História da salvação. Em Cristo, Deus é totalmente glorificado, e o Reino de Deus se torna visível. Em Cristo, a Igreja do Senhor começa a fazer sentido em nossa vida, e ganhar importância, relevância e prioridade na existência. A igreja é o meio pelo qual o Senhor escolheu para compartilhar a sua glória com o mundo. Em Cristo, o evangelho, a boa nova de Deus, chega ao coração humano, e encoraja o ser humano a continuar firme na jornada de conhecer a Deus, e proclamar sua Glória sobre a face da terra.

Em Cristo, o céu tocou a terra, e toda a terra pode agora perceber, que a glória de Deus se expande como as águas cobrem o mar. Com Cristo, é céu aqui, hoje e agora. Em Cristo, toda a história é redimida, perdoada e renovada. Em Cristo, Deus escreve uma nova história.

Que seja assim em nossa vidas, para a Glória de Deus!

Saturday, January 22, 2011

O DESAFIO DO REENCONTRO

Ubiratã é uma cidade no interior do Paraná, que sempre ocupa um lugar especial nas minhas memórias. Lugar de terra vermelha, muita poeira e paisagens estonteantes. Lugar de gente que facilmente sorri, se alegra e vive com simplicidade. Lugar escolhido por meu avô materno, no final de década de 60, como o eldorado da família Caetano. Nossos finais de semana mais felizes eram vividos naquela cidade.

O tempo parece andar mais devagar em lugares assim. Consigo lembrar das charretes nas ruas, das ruas sem asfalto, da lama formada depois das chuvas de verão, dos jogos de bets, pique-esconde, as intermináveis disputas de futebol, tendo o portão da casa como o gol, e dos sorrisos estampados nos rostos ao redor.

Contudo, o que fica sempre marcado em meu coração é a imagem de minha avó, com suas mãos já tocadas pelo tempo, segurando as grades do portão, com o olhar fito no horizonte, quase que numa prece, esperando por nossa chegada. Quando o carro apontava ainda ao longe, já conseguiámos ver os seus braços acenando, e o seu peculiar sorriso no rosto. Os abraços são inesquecíveis. Beijos cheios de amor, palavras que ficam pra sempre na memória, ditas quase que como um sussuro. Graças a Deus vocês estão aqui, que alegria, que bênção.

A celebração do reencontro é um dos maiores privilégios da vida. Reencontrar a quem amamos, queremos bem, poder conversar, ter comunhão, desfrutar tempo juntos é sempre um presente de Deus na vida dos seus filhos. Meu coração, muitas vezes, é tocado por histórias de irmãos e irmãs que ficam, por longos anos, impossibilitados de reencontrar os seus, por conta de tantas lutas e impedimentos na caminhada.

Jesus, ao contar a parábola do filho pródigo, nos ensina sobre o maior e verdadeiro reencontro da vida humana. O reencontro com o Pai. Nesta parábola somos apresentados a dois filhos perdidos, desencontrados na vida. O mais novo, perdido em seu egoísmo, seu desejo de viver loucamente, sem regra alguma, apenas voltado para o seu prazer pessoal. Desonra o Pai, rompe com o relacionamento, desmorona a família, expõe o Pai na comunidade, e vai para longe. O mais novo é assumidade distante.

O segundo filho, o mais velho, fica em casa. Trabalha duro, e conquista gradativamente o seu espaço. É tradicional, religioso em seus costumes, e de uma rigidez moral indiscutível. Contudo, está tão longe do Pai quanto o mais novo. Faz tudo o que faz para não precisar do relacionamento com o Pai. Matém a distância com o Pai, mesmo obedecendo os preceitos em tudo.

Certo dia, quando o filho mais novo volta para casa, tendo em sua mente o plano de pedir uma oportunidade como empregado nas terras do Pai, para a surpresa dos ouvintes, dos leitores e de todos nós, Jesus descreve um Pai com as emoções para fora, abertas. Um Pai que corre em direção ao filho, que beija o filho, que cobre a nudez, os trapos, a sujeira e até mesmo as atitudes do filho com a melhor roupa da casa. A honra do Pai cobre a desonra do filho. O pai proclama festa, alegria e dança na casa. O mais novo voltou. Reencontro!

O filho que ficou, o mais velho, não participa da alegria do Pai. Fica de fora, em sua auto-justiça. Insulta o pai, condena a atitude do Pai. Também precisa do reencontro. A parábola termina sem que saibamos o final. O Pai vai até o mais velho, o convida para entrar, o convida para o Reencontro. A pergunta é: Você vem ou não vem?

No reencontro com Deus está a graça, o perdão e a infinita misericórdia do Pai. Nos braços de Jesus, descansa a salvação, o amor inquestionável do Senhor, que aceita o ser humano como ele é, e lhe faz renascer. No reencontro, encontro vida. No abraço de Deus encontro paz. No olhar de Jesus encontro salvação, e na Palavra de Deus encontro direção para a vida.

Alegria é saber que, mesmo o ser humano  sendo rebelde como o filho mais novo, ou moralmente impecável como o mais velho, pode descobrir que somente no relacionamento com o Pai existe vida, alegria, salvação e paz na vida. O Pai, que não se cansa de amar e abraçar os seus, deseja trazer para perto o que estava perdido.

Thursday, January 13, 2011

HÁ MUITO MAIS!

“A melhor definição que posso dar de um homem é a de um ser que se habitua a tudo” (Fiodor Dostoievski).


A vida humana sempre foi cercada de desafios os mais diversos possíveis. Desde o nascimento, o homem é colocado em contato com o novo. A frieza das salas de parto, hermeticamente fechadas, esterlizadas e absurdamente iluminadas são um contraste latente ao aconchegante e seguro ventre materno. Os ambientes, situações e possibilidades levam a pessoa a tomar deciões diárias, como reação às novidades, ou afirmaçãos dos valores e princípios que se tem no coração. Deve aprender a superar situações de contrariedade, limites e impossibilidades como parte do amadurecimento na caminhada.

A existência é uma estrada à caminho da maturidade e a conversão é o primeiro passo rumo à este crescimento. Nesta estrada o trabalho divino é impulsionar o ser humano à lugares mais altos, nunca à regressão e a infantilização da vida. A síndrome de Peter Pan, descrita pelo psicólogo Dan Kiley, trata daquele indivíduo que nunca desiste de ser filho para se tornar pai, e que mesmo diante dos embates resiste ao crescimento, ao enfrentamento a às definições de papéis no casamento e na vida. São pessoas que nunca amadurecem, nunca crescem na caminhada. Perceba que a vida insegura de nossos dias produz refúgios existenciais, lugares que funcionam como os jardins de inverno, no intuito de gerar abrigo e proteção das estações externas, e evitar os conflitos da vida.

Algumas imagens bíblicas vêm a minha mente quando penso em maturidade. A primeira imagem é o episódio no qual Jesus ensina que Ele é o caminho, a verdade e a vida. Quando cremos, portanto, não somos lançados em um jardim fechado, distante das ameaças e complicações, mas sim em um caminho, cheio de novidades e desafios. A idéia, portanto, de que a vida cristã é uma redoma contra as mudanças é equivocada. O dinamismo da vida cristã procede justamente do fato da Igreja estar à caminho, e no caminho. Neste processo de amadurecimento, quando os filhos caminham pelo caos das fronteiras mais distantes da alma, presenciando os embates mais profundos da vida é que as convicções florescem e se fortalecem.

Uma segunda imagem é a de Jesus como o Pastor das ovelhas. Na descrição do apóstolo João, Jesus é tanto o caminho, como o Pastor, como a Porta de acesso ao aprisco, lugar seguro para as ovelhas. A dialética da maturidade é incrível. Ora na segurança do aprisco, ora na desolação do deserto em busca das pastagens ou das olvelhas perdidas, mas sempre na companhia do Senhor. É maravilhoso perceber que ao comando Jesus, o aprisco é aberto e as ovelhas são lançadas às pastagens, sob a direção e condução do Pastor Supremo. Não ficam presas no cercado, distante dos lobos, tempestades e possíveis perdas. Precisam aprender a reconhecer os passos e a voz do Pastor, e confiar em sua condução às pastagens verdejantes.

Soren Kierkegaard afirma que maturidade é atingir a seriedade de uma criança brincando. Maturidade é, segundo o Apóstolo Paulo, o aperfeiçoamento dos santos, e o pleno conhecimento do Filho (Ef.4.12-13). Jesus ensina que somente podem ver o Reino de Deus os que se tornam como crianças. A mensagem não é a defesa da ingenualidade, ou da infantilização da vida. Antes é a pregação da pureza da alma, e das intenções do coração.

No caminho de volta para Cafarnaum, o silêncio intrigante dos discípulos os delatou. A discussão anterior, motivadora do clima tenso, se estabeleceu para que se descobrisse entre os apóstolos, quem seria o maior no Reino de Deus. Como resposta à imaturidade dos discípulos, Jesus, numa expressão paradoxal, traz para o centro das atenções uma criança. Tomou-a nos braços e afirmou: Quem recebe uma criança, a mim me recebe. O Filho é puro, simples e suas intenções são claras e aparentes a todos. Não há silêncio delator no Filho, nem tampouco jogos de poder, que revelam a maldade e manipulação humanas. No caminho, Jesus ensina os doze qua o antídoto para a intantilidade da vida, está na pureza da criança. A maturidade portanto é simples.

Assim, como afirma o poeta norte americano John Finley, maturidade é a capacidade de perseverar incertamente. Não são os fatos, os acertos ou erros que definem a maturidade, mas a capacidade de lidar com o desprezo e com os climas desfavoráveis, tendo como único ponto de apoio o conceito que se acretida, em suma, a fé. Neste mesmo sentido, a fé crê apenas, simplesmente espera em Deus, e afirma a continuidade da vida e da alegria, mesmo quando todas as situações à volta desdenham da mesma.

Não gostamos das ambiguidades que vez ou outra tocam a vida, mas elas acontecem. Tragédias atingem pessoas normais. Relacionamentos esfacelam-se por conta de processos complexos. Pais abandonam os filhos, e os filhos desonram os pais. Impérios se levantam e caem, tudo por conta dos paradoxos da existência. A menina que se casou com o rapaz crente, após alguns anos de casamento descobre, da noite pro dia, uma história de adultério, numa trama cinematográfica, que agora abalroou sua vida, e a marcou para sempre. O pai que educou o filho obedecendo os princípios da Palavra, agora percebeu as mudanças de comportamento do filho, e soube que, ainda adolescente, é usuário de drogas, e já teve experiências sexuais na mais tenra idade.

As destruições acontecem na vida humana. São mais comuns que possamos imaginar. Trazem consigo o poder de frustrar e calar a existência. Devastam o olhar, o brilho, a possibilidade da esperança na caminhada. As escolhas, e falta de percepção dos perigos, as surpresas trazidas pela quebra de princípios da Palavra, conduzem a vida ao extremo do desconforto e levam o ser humano à reflexão e a tomada de decisão. O que fazer diante da destruição eminente? Quais são os grandes desafios da vida, e como reagir a eles alicerçado no princípio de Deus para a vida?

Jesus é o caminho a verdade e a vida. Ele nos toma em seus braços, na jornada da vida, e nos ensina a caminhar seguro em meio as tempesdades. Diante das eminentes intempéries, devemos recomeçar a vida, reconstruir os valores, reaprender a caminhar, reagrupar a existência e rumar firmes à vontade de Deus, o conhecimento de Jesus, e a glória do Pai. Devemos crer na promessa da Palavra de Deus, que nos ensina que sempre há muito mais, infinitamente mais que tudo que pensamos ou pedimos, pelo poder de Deus que opera em nossas vidas.

Na próxima Década, creia! Há muito mais!

Saturday, January 08, 2011

O MOVIMENTO NÃO PARA

Disse o SENHOR a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem (Ex. 14.15)


As maiores aventuras da minha infância se deram na estrada. Nossa família, de muitos tios, por circunstâncias diversas, se espalhou pelo Brasil. Brasíla, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Borda da Mata, Campo Grande, Ubiratã, entre outras cidades, eram destinos certos no período das férias escolares. Os ônibus lotados, de classe convencional, cheios de gente simples, eram a maior alegria do ano. Os meus olhos de criança brilhavam como nunca enquanto a estrada passava a passos largos.

Como me faz bem pensar naquelas longas viagens. Risadas, músicas, pessoas novas pela estrada, frango com farofa, e boas histórias no final das contas. O abraço na rodoviária, o choro do reencontro, o tempo juntos, os colchões espalhados pela casa, o tumulto na hora do almoço, o violão soando hinos ao Senhor, e aquele sentimento de esperança no coração. Tudo isso fazia parte de um ritmo quase que litúrgico, de afeto, aprofundamento das relações, afirmação, aprendizado e crescimento.

As vianges de hoje são menos interessantes. Aviões não nos deixam ver a estrada. São pontuais. Conectam cidades como se fossem pontos apenas. Rápidos, eficientes e eficazes, cumprem o papel com excelência, mas sem sentimento, sem memória. Hoje, preferimos o conforto e a privacidade dos hotéis, não mais dos colchões na sala. Optamos pela velocidade, pela pontualidade proposta. Somos a geração mais consumista que a história ja conheceu, ávidos pelos destinos finais, pelos produtos que o mundo oferece. O que aconteceu afinal?

A história do povo de Deus é a narrativa de uma constante caminhada, de uma marcha constante, rumo ao relacionamento com Deus. Diante do Mar Vermelho, com o Egito para traz, e o grande desconhecido pela frente, o Senhor comissiona o povo a marchar. Diz ao povo para andar rumo às águas, pois elas certamente se abririam. O movimento não para, Deus nos convida a caminhar.

Esta jornada à Canaã durou quarenta anos. Não foram dias apenas, mas anos de intensa relação com Deus. O Senhor não foi pontual com o povo, antes foi relacional, pois a jornada os preparou para o futuro. Deus estava formando um povo, uma nação ecolhida pelo próprio Senhor. Estava preparando o caminho, desde o princípio, para a vinda do Filho, para a plenitude de todos os tempos. Por isso, mais importante que o destino, é a jornada, pois no caminho somos amadurecidos.

Muitas vezes somos frustrados por objetivos não alcançados, oportunidades perdidas, quebras de processos e sonhos não concretizados. Nos angustiamos com a perda, e nos debatemos diante dos limites e impossibilidades. Somos pontuais, queremos o objetivo final. Deus, por sua vez é relacional, e ama a jornada, mais que o destino, pois no caminho é que somos forjados para a vontade de Deus. Enquanto vivemos, somos aperfeiçoados, tanto nas vitórias, quanto nas derrotas. Aprendemos com o sorriso, e com o choro, na alegria e no sofrimento. Em tudo somos mais que vencedores, pois a imagem de Deus está sendo construída.

Minha esperança é que aprendamos ver a vida com o olhar das crianças, que se satisfazem com a jornada tanto quanto com o destino, que mesmo sem entender, percebem que a vida é um grande movimento constante, de alegria e aprendizado. Minha esperança é que o nosso coração compreenda que, no caminho Deus está conosco, nos mostrando as paisagens da vida, nos ensinando a ama-Lo e a amar as pessoas ao nosso redor.

Que 2011 seja assim, um movimento de Deus em nossas vidas, e que a gente desfrute de cada momento, como um presente de Deus, mais um passo no caminho para o céu.