Nós perdemos TUDO - Cristo fez TUDO - Nós ganhamos TUDO (Randy Pope, 2011 - Orlando FL)
A fila anda! Essa foi a frase utilizada por Mano Menezes, ao assumir a seleção brasileira, resumindo sua filosofia de trabalho, dizendo da brevidade da carreira do jogador, e de sua busca pelo melhor. Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião, o tempo rodou num instante, nas voltas do meu coração, escreve Chico Buarque, na tentativa de relatar as mundanças repentinas na vida, nos relacionamentos e sistemas de governo, e as transições na existência que fogem do controle humano.
Talvez você esteja pensando nas perdas que ja enfrentou na vida. Das vezes que viu, diante dos seus olhos, esta tal de roda gigante girar, a fila andar, e mudar processos, lugares, pessoas, situações e sentimentos. Muitos, realmente, perderam coisas importantes. Perderam seus pais, ou pessoas queridas que se foram. Perderam empregos, carreiras, tiveram que abandonar lugares que uma vez amaram, e processos que um dia sonharam. Outros perderam relacionamentos, casamentos foram quebrados, a vida abalroada por rompantes totalmente fora do controle. Perdas nos fazem definitivamente sofrer, a não ser que sejamos ou cínicos ou inocentes para não perceber.
A tentativa que o homem faz de encontrar eperança para a vida, sem apoioar-se em Deus é sempre falha e improdutiva. O problema é que, na verdade, por causa da natureza humana, o homem perdeu tudo. Sem esta consciência, os processos de perda nos fazem sofrer muito mais. Sem Jesus, a cada perda é gerada uma tentativa de provar para si mesmo, e para os que estão a volta, que não é tão grave assim. Perdi alguma coisa, mas ainda restou algo de bom em mim, dizem os que tentam provar para si mesmos sua benignidade. Uma luta que considero totalmente perdida é quando o ser humano tenta provar que é bom, que tem poder, e que controla situações na vida.
Em termos de ganharmos algo, precisamos assumir que nós perdemos tudo. O pecado nos roubou tudo. Totalmente perdidos, separados de Deus, distantes do Senhor. Somos vazios, perdidos, pecadores e precisamos de ajuda para encontrar esperança na vida. De que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Ganhar o mundo não resolve o drama da alma. Na verdade, assumir a perda é que faz nascer a esperança.
A esperança nasce da consciência da perda. Cada vez que tento provar para mim mesmo que sou bom, que não sou tão pecador assim, acabo me distanciando mais de Deus. Pelo contrário, a cada vez que me aproximo do Senhor com as mãos vazias, como o mendigo que não tem absolutamente nada, e que espera pela bondada do seu Senhor, recebo de Deus a graça para continuar, e a esperança necessária para enfrentar os embates da vida.
Para que isso aconteça, precisamos ganhar uma consciência que parece estar cada vez mais opaca em nossa geração. Jesus fez tudo para que eu ganhasse tudo. O problema é que não reconhecemos isto em nossas vidas. Muitas vezes temos a tendência de crer que Jesus fez muito, mas não expressamos que Ele fez tudo. Damos crédito pela cruz ao dizermos: a cruz é mais do que eu poderia fazer, é um peso que eu jamais poderia carregar. Contudo, quando a cruz exige submissão ao senhorio de Jesus, e mudança moral e ética na conduta dos detalhes da vida, as respostas se tornam evazivas, filosóficas, humanistas e distantes da verdade. Assim, muitas vezes o homem acredita que Jesus fez muito, mas não percebe que Ele fez tudo.
Quando jovem, estudei num dos colégios mais vibrantes e entusiásticos da cidade. Decidi que nos intervalos iria estudar a Bíblia com todos os que aparecessem. Fui ao então diretor da escola para pedir o espaço para as reuniões, e compartilhei com ele o que eu estava motivado a fazer, ensinar sobre Jesus para os meus colegas de classe. A resposta dele foi: Claro, Jesus Cristo, Ulisses Guimarães, Paul Macartney, John Lennon, todos grandes caras.
Esta é a mentalidade que infelizemente encontramos na Igreja e no mundo em nossos dias. Cremos que Jesus fez muito, mas temos dificuldade em crer que Ele fez tudo. Quando o homem crê que Cristo fez tudo, então, no coração deste que crê, ao invés de um elogio, ou admiração contemplativa, nasce uma verdadeira adoração, que leva a vida a se render aos pés de Jesus e reconhecer que Ele fez tudo.
Portanto, diante da consciência de que perdemos tudo, e que Jesus fez tudo, precisamos compreender que em Jesus ganhamos tudo. O problema é que queremos ganhar muito, mas não tudo. O muito está ligado à salvação, às bênçãos, à proteção, aos benefícios, às coisas em si. Queremos os presentes de Deus, mais que a Sua presença. Contudo, quando cremos que perdemos tudo, precisamos compreender que ganhamos tudo também. O tudo está relacionado com a submissão, com as bem aventuranças, com a justica e a misericórdia de Deus.
O impacto que Jesus gerou na vida dos discípulos foi leva-los a compreender a urgência e prioridade do Reino de Deus. Os discípulos abandonaram tudo por causa de Jesus. Em Cristo, portanto, não ganhamos muito, ganhamos tudo. O que Jesus promove na vida do ser humano é transformação, e o que brota do relacionamento com Jesus é esperança. A vida com Cristo é cheia de esperança e beleza, porque ao perdermos tudo, n’Ele ganhamos tudo.
O convite de Jesus é para que vivamos essa dinâmica na vida. Nós perdemos tudo, e Ele fez tudo, para que nós ganhássemos tudo. Assim, brota no coração uma esperança que não se esvai, uma paz que não se atormenta, uma tranquilidade não ansiosa, uma compreensão profunda da vida e faz nascer relacionamentos que não se quebram, pois são feitos em Cristo, que nos dá tudo!
Lembre-se, mais que muito, é tudo!